Muito se tem falado em Transformação Digital na Saúde, o que nos remete a uma ampla discussão sobre Saúde 4.0 e as mudanças e evoluções tecnológicas aplicadas ao setor.

A Saúde 4.0 está revolucionando a área médica, dando origem a novos modelos de tratamentos, de gestão da saúde, e isso afeta diretamente o acompanhamento e relacionamento com os pacientes. E neste ponto há uma coincidência de fatores, pois o paciente também está cada vez mais digital, exigindo, portanto, um engajamento adequado no que se refere aos cuidados com a saúde.

A digitalização permite que a jornada de um paciente ou beneficiário seja cada vez mais personalizada! Isso porque serão geradas e armazenadas uma maior quantidade de informações sobre os pacientes, permitindo que as instituições de saúde usem essas informações para conhecer melhor e se relacionar melhor com cada cliente, resultando em serviços de saúde com foco nas necessidades de cada paciente.

Essa base de conhecimentos da Saúde 4.0 também possibilita um foco maior em prevenção e acompanhamento, através da coleta e análise das informações. E neste ponto, é importante entender que a digitalização permitirá também novas formas de se relacionar com os pacientes e beneficiários, que estão cada vez mais imersos num mundo digital, resultando em relações mais humanizadas, seja na ação preventiva ou tratamento clínico.

E como toda essa transformação digital está mudando a Jornada do Paciente?

Olhando no retrovisor, as formas mais tradicionais de relacionamento com paciente sempre foram o contato pessoal (consultório, clínicas, hospitais, e postos de atendimento) e o telefone como ferramenta de comunicação. É o que existe de mais analógico na Jornada do Paciente.

A digitalização está mudando esse relacionamento analógico. A consulta já pode ocorrer por vídeo, usando tecnologias de Telemedicina. A comunicação com a instituição de saúde, antes restrita a um telefone, agora pode ocorrer através do site, e outras plataformas digitais, como SMS, e-mail, WhatsApp, Facebook, etc.

Como se preparar para este mundo digital?

A digitalização normalmente começa pela operação da instituição de saúde, baseado em modelos de referência, como o modelo da HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society) que influencia a adoção das melhores práticas de tecnologia da informação em saúde. E a HIMSS possui uma área dedicada a discutir as boas práticas de engajamento do paciente (https://www.himss.org/what-patient-engagement), promovendo melhores práticas para instituições de saúde se conectar digitalmente com pacientes e familiares por meio da adoção de tecnologias emergentes.

O engajamento do paciente se baseia no trabalho conjuntos de instituições e pacientes para melhorar a saúde. Os pacientes querem se envolver em seu processo de tomada de decisões de saúde, e aqueles que estão engajados como tomadores de decisão em seus cuidados tendem a ser mais saudáveis ​​e ter melhores resultados.

A necessidade de novas ferramentas de engajamento com pacientes foi acelerada pela pandemia do Covid-19. Os pacientes enfrentaram novos desafios durante a pandemia, com profissionais de saúde menos acessíveis e temores de exposição ao vírus. Isso mudou, e continua mudando, a experiência de cuidado da saúde, incluindo novos comportamentos, que devem ser mantidos no futuro.

Soluções de teleatendimento, englobando teletriagem e consultas remotas, estão se tornando rapidamente o “novo normal”, e tudo indica que veio para ficar. A pandemia também tem acelerado a adoção de outras ferramentas de engajamento digitais, como comunicação por mensagens e mídias sociais. Houve um aumento expressivo na utilização de ferramentas como Chat Online e aplicativos, de acordo com uma pesquisa da Accenture (https://www.accenture.com/us-en/insights/life-sciences/coronavirus-patient-behavior-research), constatando um aumento de 50% no número de pacientes usando chat online durante a pandemia.

Outra constatação da pesquisa foi o alto índice de satisfação dos clientes com a utilização das novas formas de engajamento digital, onde 60% dos clientes indicaram querer manter o uso de tecnologia para interagir com a instituição de saúde, validando que o atendimento se tornou mais pessoal, mais conveniente e mais oportuno. 

E a Saúde 4.0 será cada vez mais relevante, principalmente quando olhamos a tendência de utilização do modelo de remuneração baseada em valor (Value Based Payment) para o setor de saúde. O foco estará cada vez mais na qualidade dos serviços da saúde, conciliada com programas de medicina preventiva, resultando em redução dos custos e mais qualidade para a assistência. Ou seja, a remuneração passará a ser realizada pela qualidade do resultado clínico proporcionado ao paciente dentro de custos razoáveis, e neste ponto as ferramentas de engajamento digital são essenciais, tanto para redução de custos, quanto para acompanhamento personalizado do tratamento e cuidado da saúde!

Este engajamento digital deve encontrar maneiras de alcançar melhor os pacientes onde eles estão, sendo mais relevantes para suas situações individuais (personalização). Há uma grande oportunidade de fornecer mais conteúdo relevante e apoio direcionado para pacientes.

Em Saúde 4.0, a jornada deve focar na Experiência do Paciente, unindo atendimento de qualidade, conhecimento do momento e histórico do paciente, acompanhamento durante o tratamento, fácil acesso à informação e à comunicação (digital e analógica) com o profissional e/ou instituição de saúde. É um caminho sem volta, acompanhando a transformação da sociedade em direção ao mundo mais conectado.